Leia Lucas 24:13-32
"Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles; mas os olhos deles foram impedidos de reconhecê-lo" (Lucas 24:15-16).
Aqueles dois discípulos de Jesus que moravam em Emaús, após a morte do seu Senhor e Mestre, caminhavam experimentando uma frustração profunda. No coração deles não havia mais esperança e nem certeza de nada. Carregavam em sua mente um ponto de interrogação. E agora?
Jesus apareceu junto deles e com eles caminhava. Eles informaram a Jesus a respeito de suas frustrações e tristeza. Jesus, porém, citava passagens das Escrituras que falavam dele, iniciando com os livros de Moisés e os escritos de todos os profetas, para explicar-lhes que era preciso que o Messias (Cristo) sofresse e assim recebesse de Deus, o Pai, toda a glória. Aqueles discípulos, tardio de entendimento, mesmo assim não perceberam a presença de Jesus. Eles só perceberam a presença de Jesus, na hora da alimentação, quando o Senhor deu graças pelo alimento.
Assim somos nós, Jesus está sempre presente, mas envolvidos com nossos estresses, ansiedades, frustrações, não percebemos sua presença, e por este motivo deixamos de ser beneficiados por ele. Devemos lembrar que, a presença de Cristo é a presença do próprio Deus. "Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta: A virgem conceberá e dará a luz um filho, e o chamarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco" (Mateus 1:22-23).
Ressuscitado e glorificado ele pode estar plenamente presente em todos os lugares, sem os limites de um corpo físico, como o nosso.
Jesus diz: "Pois onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei eu no meio deles. Portanto, ide e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. E certamente estou convosco todos os dias, até a consumação do século" (Mateus 18:20; 28:19-20).
Cristo, na realidade, quer ser íntimo de nós. Oração é diálogo; nós falamos com Cristo e ele fala conosco. Se levássemos em conta isso nossa vida cristã seria diferente e faríamos diferença numa sociedade tão corrompida.
O que podemos falar com Cristo? Qualquer coisa, se falarmos de todo o coração. Ele caminha conosco como nosso amigo, do mesmo modo que caminhava pelos caminhos de Emaús com aqueles dois discípulos; certamente ele é o nosso divino companheiro. Falemos com ele, por exemplo:
* Sobre nossos pecados. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1:9).
* Sobre enfermidades, nossas ou dos nossos entes queridos, como fizeram os discípulos, com respeito à sogra de Pedro. "Saindo da sinagoga, foram à casa de Simão e de André com Tiago e João. A sogra de Simão estava acamada com febre, e logo lhe falaram dela" (Marcos 1:29-30).
* Sobre nossas dificuldades diante de grandes desafios. Ele poderá nos surpreender com um grande milagre. "Ao declinar a tarde os seus discípulos se aproximaram dele, e disseram: O lugar é deserto, e o dia já está muito adiantado. Despede-os para que vão aos campos e aldeias circunvizinhas, e comprem para si o que comer. Ele, porém, lhes respondeu: Dai-lhes vós de comer. Disseram-lhe: Iremos nós, e compraremos duzentos denários de pão para lhes dar de comer? Ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver. E sabendo-o eles, responderam: cinco pães e dois peixes. Tomando ele os cinco pães e dois peixes, levantou os olhos ao céu e os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos para que os distribuissem. Ele também repartiu os dois peixes por todos. Todos comeram e se fartaram" (Marcos 6:35-38; 41-42).
* Falemos também com Jesus sobre os nossos fracassos, acompanhados por tantas frustrações, como fizeram os discípulos por ocasião da cura de um jovem possesso. "Quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos expulsá-los? Respondeu-lhes: Essa casta só pode sair por meio de oração e jejum" (Marcos 9:28-29).
* Por que não falar com Jesus, também, sobre as nossas vitórias e proezas? É possível que a resposta do Senhor venha acompanhada com uma revelação fantástica. "Voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos submetem. Disse-lhes Jesus: Eu vi satanás, como raio, cair do céu. Eu vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e toda força do inimigo, e nada vos fará dano algum" (Lucas 10:17-19).
* Sobre as nossas aflições ao enfrentar a morte de um ente querido. Certamente a Palavra do Senhor vai nos consolar e falar de nossa vitória sobre a morte. "Disse Marta a Jesus: Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, Deus te dará tudo o que pedires. Disse-lhe Jesus: O seu irmão vai ressuscitar. (...) Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá". (João 11:21-23, 25).
Fui capelão de presídio e algumas vezes vi pessoa reclusa, isolada numa cela fria e individual, em lágrimas, sendo tocada pela presença do Espírito Santo. Eu tive o privilégio de contemplar cenas como essa.
Cristo não faz acepção de pessoas. Mesmo que seja o mais indigno dos homens, quando este o busca de todo o coração, ele diz: Eis-me aqui.
Falemos com Cristo sem nenhuma reserva ou constragimento. Lembremo-nos de que ele caminhava ao lado dos discípulos que iam para a Aldeia de Emaús. Assim, também, o Senhor caminha conosco.
Adolpho Salgado
Contato> adolphosalgado@gmail.com
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